Autonomia para a Vida
(texto escrito em 2012 para o blog da escola Bosque das Letras)
Há algum tempo venho observando o comportamento das pessoas em diversas situações na sociedade, e confesso, muito me assusta!
Quer alguns exemplos?
- Pessoas que trafegam pelo acostamento como se fosse natural;
- Ultrapassam o limite de velocidade permitido, colocando em risco a sua e demais vidas;
- Utilizam as vagas para idosos nos shoppings e mercados como se fosse normal;
- Jogam lixo pela janela do carro, fazendo da rua uma verdadeira lixeira;
- Ao saírem da praia, deixam o espaço utilizado com latinhas vazias, palitos de sorvete, copos plásticos… E, ainda comentam: “O lixeiro pega no fim do dia!”
- Saem dos ambientes sem apagar a luz, desligar a TV, dar descarga…
A pergunta que me faço é: “Será que essas pessoas acham que vivem sozinhas no mundo? Onde está a autonomia de cada um para saber o que deve fazer e como viver saudavelmente em sociedade?”
Autonomia, o que é isso?
Temos como significado dessa palavra, a capacidade de autogerenciamento, de tomada de decisões, levando em consideração o que é importante, não só para si, mas para todos os indivíduos à nossa volta.
A autonomia é um comportamento construído pelo indivíduo, desde o nascimento, e que se concretiza por volta dos nove ou dez anos de idade, caso o sujeito tenha oportunidades de experimentar e exercitar fazeres por si só.
É fácil para os adultos permitirem que as crianças vivenciem tais experiências quando pequenas?
Não, pois acreditam que elas não são capazes ou que podem se machucar.
Como a família pode contribuir para que os pequenos se tornem autônomos?
É muito importante que tanto a família quanto os adultos envolvidos na educação estimulem as crianças desde bem pequenas a agirem de maneira independente.
Agir de maneira independente é poder escolher, dentre ações possíveis aos olhos dos adultos, aquela que quer e pode realizar sozinho.
Dentre elas temos:
- Guardar os seus pertences após o descanso;
- Escovar os dentes sozinho;
- Guardar os brinquedos após o uso;
- Ajudar o adulto a organizar o espaço após a brincadeira;
- Comer sozinho;
- Colocar ou tirar o sapato;
- Amarrar o tênis;
- Tomar banho sozinho, para depois o adulto dar o acabamento final;
- Utilizar o banheiro, inicialmente sob a supervisão do adulto para ensinar a maneira correta de como se higienizar, para posteriormente e gradativamente, fazer uso sozinho (por volta dos 5 anos);
- Realizar a lição de casa, a princípio com acompanhamento dos pais, e posteriormente independentemente;
- Pegar na mochila a sua pasta ou o livro requisitado pela professora ou pelos pais;
- Carregar a sua mochila e material escolar;
- Opinar sobre a escolha de uma roupa dentre as previamente escolhidas para a ocasião;
- Ajudar na decisão de um passeio, dentre as opções elencadas;
- Auxiliar na organização da casa (organizar a mesa para o jantar), entre outras pequenas tarefas.
Ter a possibilidade de experimentar situações semelhantes às citadas acima, certamente contribuirá para o desenvolvimento da autonomia infantil à medida que incentivam as crianças a sentirem-se capazes, potentes, pertencentes a um grupo social determinado. Além disso, oferecem a oportunidade de perceberem que suas decisões são importantes e contribuem para o fortalecimento dos vínculos entre as pessoas queridas e para a manutenção de seu grupo de convívio.